terça-feira, outubro 05, 2004


Hipermodernidade


A cultura hipermoderna se caracteriza pelo enfraquecimento do poder regulador das instituições coletivas e pela autonomização correlativa dos atores sociais em face das imposições de grupo (família, religião, partidos políticos, culturas de classe). Assim, o indivíduo se mostra cada vez mais aberto e socialmente independente, o que está associado à desestabilização do eu. Ao mesmo tempo, cresce a necessidade de buscar-se uma identidade comunitária e o desejo de reconhecimento público pelo que somos na diferença, nas nossas particularidades.
Nesse contexto, cabe pensar o desenvolvimento da cidadania assentada sobre o direito à comunicação. O direito de não apenas receber informações, mas a produzir informações, estimulando o princípio da dialógica. Direito à comunicação que poderia favorecer as condições para os indivíduos se dotarem de recursos simbólicos, necessários para a compreensão do mundo contemporâneo, marcado pela comunicação mediada.



Identidade


Hoje, a identidade se baseia na idéia de ser, não igual, mas diferente. É o reconhecimento moral, a estima, por parte de outros. O reconhecimento do exercício da cidadania atrelou-se às tecnologias de comunicação e informação. A cidadania é gerada pela interatividade, pela garantia de expressão e pela transcendência virtual dos aspectos territoriais e culturais locais. Ao descentralizar os sistemas de comunicação, a internet fez do indivíduo hipermoderno não somente um consumidor, mas igualmente um produtor de informação e controlador do seu meio de comunicação.


A internet, em particular os weblogs, são ferramentas que possibilitam revelar as subjetividades e construir identidades: eu conto minha história e você me conta a sua. A escrita se torna uma pausa, uma possibilidade de deixar marcas. As narrativas surgem como recriações, interpretações, que permitem a construção de si, o reconhecimento do outro e ensinam a lidar com as diferenças.


A hipermodernidade mostra muitas direções. Mas os caminhos ainda estão por ser construídos. Mundo complexo o nosso, em que todo objeto ou fenômeno está ligado a outros e é por eles determinado. Para encarar o desafio de entender o tempo que vivemos, formular hipóteses e propor pistas de reflexão é preciso.

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