segunda-feira, outubro 23, 2006

Mídia e eleições

As eleições 2006, além de reviverem a disputa ideológica entre dois modelos diferentes de governar, está colocando na ordem do dia o debate urgente sobre o papel dos meios de comunicação na consolidação da democracia brasileira. Como empresas privadas, movidas a interesses comerciais e também políticos, as empresas de comunicação mais do que nunca revelam ter lado: o da direita.

Numa democracia, a divergência e o antagonismo são necessários e vitais. O problema é quando a divergência e o antagonismo se revestem de "verdades absolutas e incontestáveis", por trás do falso discurso da "imparcialidade" jornalística. Ora, a mídia trabalha no máximo com versões da realidade, nunca com "a verdade". E mais, os veículos de imprensa, se querem manter a credibilidade, necessária inclusive para a saúde financeira do negócio, precisam ter critérios para pautar suas coberturas e linhas editoriais, se não, a máscara cai.

O caso da RBS, no Rio Grande do Sul, é um dos mais escandalosos do país. Durante quatro anos do governo Olívio Dutra, fez oposição sistemática, dando voz a qualquer bobagem dita sem nenhuma seriedade por qualquer parlamentarzinho da oposição. Nos quatro anos anteriores, Britto teve ampla cobertura favorável. O mesmo se repetiu com Rigotto, blindado pela mídia durante os quatro anos de um governo medíocre, para dizer o mínimo. Agora, na cobertura eleitoral 2006, o negócio do dossiê não sai da mídia. Se o jornalismo praticado no RS e no Brasil fosse de qualidade, o que não é o caso, se preocuparia também em trazer à luz os escândalos que ficaram ocultos durante o governo FHC. Na disputa entre PT x PSDB, prestariam um serviço para a cidadania escolher sozinha o caminho para o RS e para o país. Ao invés disso, fica a conversa fiada e leviana de que o PT inventou a corrupção no Brasil. É dose!!

FHC, Yeda, ACM, Garotinho, Bornhausen, Azeredo (o tucano do mensalão) e Alckmin, que governam o Brasil há 500 anos, são exemplos de ética? E tem a cara-de-pau de se apresentarem como novidades? É brincadeira! E a mídia brasileira ainda vai acertar sua conta com a história. É muita irresponsabilidade social e política da imprensa, fazer o trabalho sujo de sedimentar o caminho para o retorno das forças conservadoras.

No RS, se confirmadas as pesquisas (o que é difícil, diga-se de passagem), pagaremos um preço muito alto se Yeda-Feijó chegarem ao Piratini. E a RBS vai ter sua parcela de responsabilidade cobrada por colocar seus interesses acima do compromisso social. Enquanto a mídia continuar tratando os milhões de leitores, telespectadores, ouvintes e internautas como meros consumidores e não como cidadãos, perderemos todos e a democracia continuará sendo vilipendiada no nosso estado e no nosso país.

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